sábado, junho 04, 2005

Dia Final

A tua cor de sol
E os teus pés de areia
São o princípio e o final
De uma força que receia.

E foi ter-te tão perto
Que me fez deslumbrar
Quando o teu braço de ferro
Se deu a descambar.

- Temos o dia final
mas antes podemos ter o proveito –

Foi então que eu peguei
E te resolvi escrever
Mas tu nunca vais compreender. (2x)

Peço-te por favor,
Já que tu não me ouves,
Esta não é uma história de amor
Porque tu nunca me viste como eu te vi...

Sei que me não entendes.
Sei que quanto melhor te revelar
O meu mundo profundo,
O fundo do meu mar;
Os limos do meu poço,
O antro que é só meu,
(sendo, apesar de tudo, nosso)
Menos me entenderás...

- Temos o dia final
mas antes podemos ter o proveito –

- Temos o dia final
mas antes Temos de ter o proveito –

n.b. - "Dia Final" é a letra de uma música por mim composta em 1999, e gravada, pela primeira vez, creio que em 2001. Escrevi, de início, uma versão integralmente da minha autoria mas, alguns meses depois, ao ler e deliciar-me com a poesia de José Régio, deparei-me com uma passagem que assentava como uma luva no terceiro terço cantado da música. O referido trecho está assinalado a itálico. Para muita pena minha, não poderei nomear o poema donde o extraí, uma vez que já não tenho comigo o livro - as minhas leituras são, amiúde, ideias que se tornam vagas, derramadas de mão em mão, livros emprestados, proporcionados. Posso, no entanto, referir o livro com precisão: "Antologia Poética" (Introdução e selecção de Eugénio Lisboa; Lisboa, Círculo de Leitores, 1993). Prometo, assim tenha essa informação, actualizar e completar este post, atribuindo título ao poema donde se desmamou este fragmento. Uma segunda interpretação de "Dia Final" está na forja, incluída - com mais nove outros temas -, na nova maquete de Baby Jane, que estará terminada em breve.

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