terça-feira, janeiro 31, 2006

Um abraço muito, muito forte e o desejo profundo e crente de melhoras ao grande escritor português João Alves da Costa

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segunda-feira, janeiro 30, 2006

domingo, janeiro 29, 2006

O poeta, as quadras, a cachupa e o derby

Ontem, noite alta no Bairro Alto, depois de um jantar de aniversário e de alguns reencontros felizes, desembocámos - eu e creio que mais nove pessoas - no segundo andar de um prédio aparentemente abandonado onde, a qualquer hora da noite, se pode comer a exótica feijoada conhecida como cachupa. Não me recordo nem do nome do sítio (não se poderá apelidar restaurante, até porque é clandestino) nem do da rua, que, no entanto, não deixa de ser nas imediações próximas do Bairro. Em ambiente comunitário, dissipados preconceitos sociais de qualquer espécie, comemos e bebemos com satisfação. Junto a uma parede da sala, sem termos dado conta, estaria a nós atento um poeta, senhor dos seus sessenta e tal, setenta anos. Barba filosofal mais branca do que negra, tal como o cabelo, que aureolava o crânio, quimérico em cima, numa calvície monacal. A certa altura, éramos apenas três, se bem me recordo: eu, o Gaspar e o Dantas, e o poeta abeirou-se de nós com uma folha A5 de papel listado. Apresentou-se cordialmente, disse ter observado o grupo, que o inspirara a escrever uma quadra, a qual no-la leu de pé:

«Uma dezena de amigos
na 'Caxupa' se sentou;
eram verdes e vermelhos
numa paz que ali pousou!»

Agradecemos-lhe o gesto. O poeta, Zé Fernandes - assim soube, uma vez que a quadra vinha atribuída com respectiva assinatura legível -, trocou comigo algumas palavras, qualquer coisa acerca de escrever versos de sete sílabas, e voltou a sentar-se. O verso onde se referia ao facto de os amigos serem «verdes e vermelhos», reportava-se à preferência clubística de alguns de nós, que traziam ainda, horas depois do nefando derby entre Benfica e Sporting (1-3), cachecóis de ambos os clubes ao peito. De imediato, Dantas e Gaspar tiveram oportunidade de saciar curiosidade quanto ao papel, e leram a quadra. O Gaspar lançou, prontamente: «Então, agora escreve tu um para ele!» Assim fiz e, em um ou dois minutos, a contra-resposta:

Um poeta de nós se abeirou
quando à mesa estávamos dez.
Que poema sublime nos dedicou!;
A liberdade ditou-lhe o que fez.

Levantei-me da mesa, fui ter com o senhor Zé Fernandes e disse-lhe: «Escrevi-lhe agora uma pequena quadra. Apreciei o seu gesto. Se não se importar, publicá-las-ei no meu blogue com devida atribuição de autoria...» O poeta fez uma careta, disse não ter acesso ou familiaridade com a Internet, pelo que não teria possibilidade de consultar o Caderno de Corda, mas acedeu. Leu a minha quadra, pareceu ter gostado muito, e não se fez rogado: nova resposta, ali mesmo, comigo em pé, que esperei pacientemente em silêncio a redacção pausada do poeta:

«Esboroaram-se os dez da mesa
deixando um perfume ridente.
São amigos que p'ra sempre
minh'alma não pesa!»

Cumprimentámo-nos e voltei para junto do Gaspar, já noutra mesa do estabelecimento, onde estava também o Guiller. Daqui endereço, portanto, um abraço fraterno ao senhor Zé Fernandes, que àquela hora estava naquele local só com as suas quadras e os seus botões.
p.s. - Se algum dos presentes por acaso ler este post, recordem-me o nome do local e, se possível, a rua, ok? Por uma questão de rigor...
n.b. - Aquele abraço para o Guiller, que respondeu à chamada, completando o post na respectiva caixa de comentário.

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sábado, janeiro 28, 2006

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sexta-feira, janeiro 27, 2006

Anamnésias 10 - Tchuba na Tchubi Tchiu

Deslumbre. O céu deixou-se chorar e tomei banho à chuva - gel de banho e shampoo na Avenida principal. E os abutres - djugudé -, deviam dormir lá para os lados do porto, escondidos nalgum casebre ou contentor, mas seguramente na zona fluvial. Bissau abluída, de alegria, apesar de sombria, pé-de-vento, tempo triste, uva seca a duas estações. No coração da capital, gel de banho e shampoo, noite feita e alta, do tamanho de um sorriso de prata e de uma dádiva concreta. Bissau inocente, susceptível, exposta, abriga-se como pode e perdoa. Lembrei-me de quem deixei, de quem amo, admiro, de Lisboa... Bissau sucumbia e prostrava-se a um Iran sem filosofia que castiga sem perdão, ilícito. O Iran, maior que todos os homens, temível, não ouviria uma oração, empedernido. Como num curto Natal sem prendas, as gentes reservavam-se em casa durante as monções e as chuvas. Nós, embriagados, na Avenida principal da capital, sinceros, desobstruídos, livres, sem disfarces, tomámos, entre naturais, um banho ridículo de chuva, realidade e alegria sob a chuva que chove muito.
A Jorge Longa, Nelo Varela e Mário.

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quinta-feira, janeiro 26, 2006

"Tudo importa na arte excepto o assunto" (Oscar Wilde)

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quarta-feira, janeiro 25, 2006

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Um sábio fugia

Um sábio não votava
nem serviço militar cumpria.
Talvez fosse para a Moldávia,
Brasil, Guiné, Hungria,
e, estando de saída,
ninguém diria que fugia.

Um sábio é solidário
quando lhe permitem essa alegria
- ou desditoso vivente solitário
no Ocaso invejoso em agonia,
que tem verso e tem contrário,
poente saudoso, primeiro e último dia.

Um sábio é tão frágil
- o mais gentil, o mais sensível.
Tem trato e palavra fácil,
tem um jeito incorrigível.
Ele vê além do visível,
ele sente o intangível!

Mas do que é que ele fugia?,
ou será que só partia?

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domingo, janeiro 22, 2006

Tradição inspiratória

Apenas uma nota: referia, há dois posts (dias) atrás, dia 20 de Janeiro, que o Caderno de Corda é agora escrito a partir do sótão de uma casa sita na Rua dos Birbantes, paralela à Calçada de Santana, zona muito antiga da cidade de Lisboa e local místico para mim, terreno sagrado onde em parte fui criado na infância, mais precisamente na Rua Martim Vaz, duas portas ao lado do pátio onde ainda permanece, a um recanto, quase inalterada, a casa onde Amália Rodrigues nasceu.
A segunda curiosidade histórica:
Embora soubesse, desde criança, que o poeta Luís Vaz de Camões tinha uma qualquer ligação com a Calçada de Santana, só ontem, em leituras cibernautas e tardias, descobri com exactidão um facto histórico que explica a presença de tímidas placas alusivas ao poeta tanto na Ermida de Santana, ao cimo da Calçada, como num prédio muito próximo do local onde me encontro. Passo a transcrever parte de um texto que se encontra disponível na Internet:
«'Nesta casa, segundo a tradição documental, faleceu em 10 de Junho de 1580 Luiz de Camões. O actual proprietário, Manoel José Correia, mandou pôr esta lápide em 1867' - eis o que pode ler-se na fachada do n.º 139 da Calçada de Santana, tornejando com o Beco de S. Luís da Pena. Apesar de a morada exacta de falecimento do poeta sempre ter estado envolta em incerteza, a lápide mantém-se hoje no mesmo lugar e sem uma "adenda" que o esclareça. Não por falta de alertas. Em 1934, por exemplo, um parecer da Comissão de Estética Citadina lembrava a 'conveniência de ser apeada a dita lápide' para que 'futuros historiadores da cidade ou biógrafos do poeta não fossem induzidos em erro'. A expressão 'tradição documentada', referia a comissão, deixava antever, aliás, uma clara 'ausência de informação sólida'. Para fundamentar o parecer, a comissão solicitara aos olisipógrafos Augusto Vieira da Silva (de que falaremos mais à frente) e Gustavo Matos Sequeira um contributo aprofundado, tendo o primeiro confirmado ser 'infundada a versão' de ser este o exacto lugar onde Camões morreu. 'A haver alguma probabilidade de [o] localizar, deve presumir-se ser no alto da Calçada Nova do Colégio, próximo da Calçada de Sant'Ana.'»
Seja como for, Amália aqui nasceu e Camões aqui morreu. Aqui tão perto. Na mesma casa onde fui criado, na Rua Martim Vaz, nasceram cinco filhos (meu pai e tios - dois dos quais faleceram ainda crianças) e morreram, na mesma cama, os meus avós.

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sábado, janeiro 21, 2006

Reencontro

Hoje (dia 20) reencontrei, por duas vezes em meia hora, um amigo que admiro com incondicionalismo. À primeira, subia eu a Rua do Telhal. À segunda, descia. Pelo meio, enviara-lhe uma mensagem para o telemóvel. Ficara preocupado por algo de que me apercebera à subida da rua. Quando descia, o acaso, creio obra do destino. Lá estava ele, de guitarra na mão, um pouco mais acima de onde o havia encontrado antes, à saída de um café. Não resisti parar de novo, em segunda fila, impedindo os carros atrás de mim de descer. Demos um abraço forte e falámos durante um pedaço, enquanto condutores lisboetas em hora de ponta abusavam a despropósito das buzinas e, como no futebol, davam azo diarreico à soltura de um vasto cardápio de vocábulos indecorosos dirigidos à minha pessoa... Isso fica para mim, assim como os pormenores mais curiosos deste reencontro que, imagino, poderá ter deixado os dois intervenientes a pensar (a mim deixou certamente). Ele tinha passado a noite em branco, depois de ter tocado na campanha de Manuel Alegre. Foi, mais uma vez (é sina), um reencontro curioso por vários motivos... Fica aqui apenas o registo, para que mais tarde o recorde com precisão. O amigo era o Jorge Palma.

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sexta-feira, janeiro 20, 2006

Desde início de Janeiro do ano corrente que o Caderno de Corda é escrito no sótão de uma casa sita na Rua dos Birbantes, paralela à Calçada de Santana, numa zona muito antiga da cidade de Lisboa. Regressei a um local místico para mim, terreno sagrado. Fui em parte criado a metros daqui, na curtíssima Rua Martim Vaz, duas portas ao lado do pátio onde ainda permanece, a um recanto, quase inalterada, a casa onde Amália Rodrigues nasceu. Fica a fotografia (captada pelo telemóvel) da vista da pequena varanda do sótão onde me encontro agora (porque este sótão tem uma varandinha!). Por falar nisso, vou lá agora fumar um cigarrito...
n.b. - Como referência espacial, note o estimado leitor que aquele objecto longínquo centrado na foto, deveras pontiagudo, é a gigantesca árvore de Natal (estrutura metálica em forma de árvore) que, durante a primeira semana de Janeiro, foi desmontada no coração da Praça do Comércio, sala de visitas da cidade.

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Calçada de Santana

Como numa estátua
um coração de barro;

Uma imagem intangível,
o cheiro a roupa lavada.

Gotículas de água,
geada no vidro do carro;

Estava lá, inaudível,
a voz, avó. E aqui estou eu tão perto
de novo. A mesma Calçada.

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quinta-feira, janeiro 19, 2006

Nasceu ontem a Baby Jane Constança. Pareceu-me apropriado publicar hoje pela primeira vez o logótipo de uma banda que fez história à sua proporção e de que ainda se ouvirá falar. Tenho a certeza...

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Três dias de corte "bloguístico" e... "não há festa nem festança..."

O Blogger vinha apresentando um estranho erro sempre que, desde o dia 16, tentava publicar algo. Pensei poder tratar-se de um limite de publicação atingido; um "plafond literário" ou "bloguístico" que se esgotara para o Caderno de Corda. Ponderei de imediato a criação do Caderno de Corda II. Não foi, felizmente, necessário, uma vez que, como naturalmente se pode concluir por este post, o problema foi sanado sem auxílio extrínseco (Blogger Help). Limitei-me a, no campo Archiving dos Settings do blogue, alterar a definição de arquivo para um modelo mensal, ao invés do diário, que vinha sendo praticado desde o gérmen do Caderno de Corda.
E por falar em gérmen, não poderia deixar de referir o nascimento da Constança, ontem, dia 18, às 16h52. O segundo fruto do amor dos meus amigos Saulo (sob pseudónimo, claro!) e V. fará certamente as alegrias da família e de todos quantos lhes têm carinho e amizade. 3,150 kg de peso, cabelo e olhinhos escuros, ao contrário do 'Ricas'. O melhor do mundo para eles.

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domingo, janeiro 15, 2006

Cartas de Amor Ridículas 1

Daqui, de junto ao mar,
segredos se escondem,
silvados da torrente.
Sorrir eu quase lamento;
não consigo esconder o que sinto.
Como se isso te interessasse,
não fosse esse o problema.
Não prestes atenção
se nem rimas de bolso tenho;
se o vácuo imo consome
desejo, desígnio tamanho.
Tenho nada senão vazio na mão,
previsivelmente, no coração.
Se precisares de mim,
esfarrapo-me pelo chão,
passo fome, faço-me fim,
deslizo sôfrego como um cão.
Subo as escadas estreitas, vertiginosas.
Não têm corrimão.
Vou muito depressa,
sem olhar para baixo.
Não pertenço, não me vendo,
não me encaixo.
Se oprimo, sinto que não possuo,
e morrendo e chorando, continuo.
Sou em ti tudo, sem ti nada,
e mesmo sendo, estou no sentido inverso da estrada,
venho em contramão.
Às vezes és o sim e eu o não.
Para ti, agora sou todo senão.
Assim, mais uma vez,
previsível, eu sou agora todo Inverno
e tu Primavera que nos alaga em Abril,
mas queres ser Verão.
Mas sou em ti tudo, sem ti nada,
e mesmo sendo, sou o trajecto inverso da estrada.
Sou meio, menos que isso,
sou parte dispensada, de ti apartada.

Chove junto ao Tejo.
Suponho que tenhas o último sorriso.
A ti não vejo.
Vejo gaivotas que não conseguem comer.
Vejo cacilheiros vomitar gente sem implorar por carinho.
Vejo Cristo, que não nos poupa a adversidade do caminho,
nem às gaivotas a árdua tarefa,
o mar frio, crispado, revolto,
a chuva, o peixe fugidio...
e as gaivotas não conhecem mito ou destino.
Sou todo para mim.
Sou todo sozinho.

n.b. - O Blogger tem vindo a apresentar problemas para os quais não tenho resposta. Esta breve nota serve apenas o propósito de informar o estimado leitor de que o Caderno de Corda vê a publicação pausada por motivos eventualmente técnicos a que o autor é totalmente alheio.

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sábado, janeiro 14, 2006

Nota Autoral 2 - "Photopoiesis" e "Cartas de Amor Ridículas"

Iniciei, na passada quarta-feira, nova empreitada poética: a série composta em tempo real "Photopoiesis" - poemas súbitos e instantâneos, em pleno desenvolvimento, com base inspiracional numa fotografia ou imagem. Hoje, introduzirei a novel série "Cartas de Amor Ridículas", também na forma poética, assinalando a óbvia influência de um poema de Fernando Pessoa (sob o heterónimo Álvaro de Campos) no tocante à titulação do compêndio amorável. Não poderia deixar de encetar ambas as séries poéticas sem uma palavra. Seguem-se, portanto, algumas mais - e apropriadas - do egrégio e sublime revérbero parcial de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos:
Todas as cartas de amor são ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos, 21 de Outubro de 1935

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sexta-feira, janeiro 13, 2006

Photopoiesis 2 - Quixote viu Dulcineia bela

Veio a noite.
Os homens largaram as máscaras de bons actores,
adormeceram as crianças.
Esqueceram a vida que poderia ter sido,
beberam alegrias efémeras e esperanças,
omitindo os sonhos, escusando amores.
A vida que poderia ter sido mas não foi...
nem é.
Nalguns, vergonha de ser feliz.

Deitou-se a utopia,
sonolenta e trémula na noite escura e fria,
espreitando a água-furtada, à espera,
à espera, à espera
pela luz do dia.
Mas antes adormecia
como uma criança nascida
parida em asfixia.

E nem por isso os homens buscavam
algo que não existe nem existia
em parte alguma.
Um conforto que não se estende
na manta nocturna.
Eis a utopia,
nem esta noite
nem nenhuma,
ou não o seria.

Existe apenas aqui.
Sob uma forma escrita,
religiosamente se coisifica,
transformada poesia,
dos sentidos bebedeira,
sendo tudo pela noite
esgotado até ser dia.
Poesia: Ei-la minha vida verdadeira.
Utopia que agora é.

«E não me venham dizer que é fonética a poesia!»

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quinta-feira, janeiro 12, 2006

Um novo capítulo

"Shale", da exposição Facepoiesis. Toshihiro Anzai

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quarta-feira, janeiro 11, 2006

Photopoiesis 1 - A coragem de ser criança

O menino estava sentado a um canto,
sem graça, sem jeito, sem espanto.
Cumpria o que diziam
os pais que tanto lhe queriam.

"É assim que deves fazer;
assim te deves comportar.
Não nos faças mal parecer;
Não repitas o prato ao jantar."

O cabelo penteado, puxado a brilhantina,
a gravata já torta, ao fundo outra menina...
E os olhos inocentes, o nariz a fungar,
uma certa melancolia do tempo a passar...

"Deixa-te estar quietinho,
não saias desse lugar."
E quedava-se o menino
de olhos fixos no ar.

Sapatinhos e um fato à senhor,
camisa branca, quietação sem louvor.
Apenas palavras de ordem,
prematura prisão de pudor,
preconceito da regra imposta
à mais casta desordem interior.

E o menino ficava,
quase sem dúvidas,
quase sem nada,
num dilúvio estancado
de porquês abafados.

Do outro canto da sala,
a menina o olhava,
e ele, envergonhado, fingia
não ver que ela o convidava.

Tinha fome, não repetira.
Não chorara nem rira.
Perdera a vontade
de se entregar à leve dança.
Perdia a coragem adulta
de ser criança.

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terça-feira, janeiro 10, 2006

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Falha temporária

Este post serve apenas para recordar que não foi minha intenção descurar o contacto com o mundo através da janela aberta que é o Caderno de Corda. Fiquei sem Internet em casa; mudei-me inesperadamente.

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