sábado, junho 19, 2010

Pilar

Se eu te deitasse a mão
à borda do casaco
e não te deixasse cair,
chorarias também.

Pensar em ti eleva-me
acima de uma Grande Lisboa sitiada
no dia de caírem as máscaras dos hipócritas.

Sorrir para ti foi relembrar
que a emoção tem a impunidade legítima
de uma folha de oliveira
que rodopia até jazer no junco.

Ter tido a mão direita
abraçada pelas tuas mãos
significou pouco quando a morte, a tua,
põe o meu coração ao alto
e sublima estes minutos da minha vida,
que olhando-te temo
não fazer bastante.

A José Saramago

Etiquetas: